Dizem que a solidão é a doença do nosso século! Por medo, insegurança e atribulações do dia-a-dia, as pessoas se escondem umas das outras, se trancam em suas fortalezas, constroem muros cada vez mais altos em nome da segurança emocional e física e, assim, se isolam do mundo. Aos poucos padecem pela falta de carinho e afeto, e acabam transformando chances de autoconhecimento, em reclusão e exclusão inconscientes. Não seria possível converter e usar a solidão, positivamente, para a cura de outras doenças que afligem à alma?
Solidão é uma reflexão da liberdade que temos e, talvez, até uma consequência dela quando manifestada exacerbadamente. Buscamos tanto a liberdade que, quando a temos, não sabemos como usá-la e conciliá-la no convívio com as outras pessoas, sem que isso implique na anulação de nossos direitos...
Entretanto, através da solidão podemos fazer uma auto-análise do quanto temos evoluído em nosso crescimento ou nos cercado pelos muros intransponíveis da intolerância e egoísmo. Como dizem; não se consegue fazer uma omelete sem quebrar os ovos, então para que possamos fazer essa introspecção, temos antes que nos isolar de tudo para que a nossa própria voz ecoe e seja escutada por nós. Estar só neste momento, contudo, não significa encontrar-se abandonado ou ter que abandonar às outras pessoas! Isso ocorrerá se não tivermos a dosagem do recuo, a medida equilibrada do recolhimento para ajustes sem ocasionar um isolamento completo.
Eu acho que todos nós temos um mestre interior... E em alguns momentos ele nos pede um pouco de silêncio, reflexão e paz espiritual. Longe dos ruídos, das intrigas e discórdias; um momento conciliador entre nós e a nossa paz! Li outro dia que os mestres Zen, buscavam no isolamento, junto aos seus discípulos, não apenas uma meditação e reflexão simples sobre a vida; mas, ao contrário, uma forma para que desaprendessem de tudo que sabiam sobre ela e, dessa forma, se libertassem de todos os conceitos (e pré-conceitos), deixando suas mentes lúcidas e receptivas para tudo que os cercava. E vamos admitir? Nada como um olhar despretensioso acerca da vida, de nós e dos outros...
Portanto, nosso mestre interior nos pede ocasionalmente o mesmo: que esvaziemos nossas mentes, que liberemos espaço em nosso coração e reaprendamos a olhar para nós e nossa existência com mais atenção e carinho, com menos cobranças e punições. E só teremos êxito se nos propusermos a experimentar de uma solidão “curativa” e não aniquiladora. Uma solidão que nos aproxima do nosso eu, mas não nos afasta daqueles que nos cercam.
Os muros estão ficando cada vez maiores e o isolamento também, então, de vez em quando é interessante se refugiar na fortaleza, mas importante que se saiba a saída para buscar as pontes que nos ligam e aproximam às outras vidas!
A solidão pode curar muitas doenças e, acredite boa parte delas mora dentro de nós! Muitas vezes esperamos que os outros nos dêem todas as respostas e o carinho necessário para que nos sintamos mais fortes e seguros, porém, o maior carinho de todos, aquele capaz de curar nossas próprias doenças e aflições, está perdido dentro do nosso ser. E é através de uma solidão libertadora (não isoladora) que curamos a maioria delas!
Jackie Freitas
“A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão.”
*Imagens retiradas do Google Imagens
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