quarta-feira, 15 de junho de 2011

Onde Estão as Chaves?

A cada fase difícil que passamos, esquecemos de agradecer pela vitória alcançada e nos fechamos em pensamento, revendo apenas a parte ruim da experiência. Entramos por uma porta e nos trancamos num cômodo escuro e vazio, tendo conosco as lembranças que nos fazem reviver a todo instante os sofrimentos passados. Colocamos as chaves num chaveiro e as esquecemos por um bom tempo... Enfrentamos o frio das emoções e deixamos que elas nos açoitem violentamente, como se precisássemos de algum tipo de punição. E, na verdade, não precisamos! Nem da aflição, nem da dor, nem do sofrimento e tampouco do açoite emocional.
Ao superarmos uma difícil fase, precisamos nos sentir livres, regenerados e fortalecidos o bastante para que os próximos desafios sejam enfrentados com mais segurança e confiança. Precisamos abrir as janelas desse cômodo e deixar que a luz percorra e ilumine cada centímetro dele, vasculhando nosso ser, revitalizando as nossas emoções. Onde estão as chaves que abrirão esse compartimento tão complexo que adentramos?
É incrível como o nosso instinto de autodefesa nos coloca em reclusão, escondidos dos sentimentos bons. Parece que eles adormecem nesse lugar solitário e nos fazem ficar ali, compadecidos e piedosos conosco. Minha mãe dizia que a cada vez que nos lembramos de uma mágoa, estamos revivendo as mesmas emoções, portanto, trazendo à tona todo o sofrimento pelo qual passamos! E é isso que nos faz ficar inseguros com relação às novas experiências, principalmente se elas sinalizarem que teremos que percorrer por caminhos já conhecidos (temidos). Nossa memória emocional nos remete ao estágio do sofrimento e anula tudo o que conseguimos de bom, inclusive o amadurecimento.
Pessoas que relembram sofrimentos acabam se tornando amargas, duras consigo mesmas, desconfiadas... Acreditam estarem, desse modo, se defendendo dos outros, quando na realidade estão buscando defesas de si mesmas, tentando esquecer definitivamente as chaves que as libertam desse lugar em que se instalaram.
É preciso explorar as emoções e buscar dentro delas tudo o que nos restaura e não aquilo que nos destrói ou coloca barreiras que impedem a passagem da luz. Alguns tentam, desesperadamente, enxergar uma luz no final dessa passagem, mas esquecem de abrir as portas de suas emoções. E onde estão as chaves? Pensemos bem... Elas não podem estar num lugar tão secreto assim! Eu sei que é difícil revisitar algumas lembranças, mas pense que elas não precisam ser revividas. Superar os traumas e as dores exige de nós coragem de enfrentamento e não a covardia de uma reclusão que nos afasta das boas possibilidades.
Esse quarto pode estar escuro, mas cabe a nós deixar que ele se ilumine e traga de volta toda a esperança das novas e boas experiências. Não há promessa de uma vida eterna, repleta de felicidades, mas há a disposição que reside em nós (acredite) de superação. Ao se perguntar onde estão as chaves que te prendem nesse vazio dominado pelo medo e insegurança, percorra o caminho de volta apenas para resgatá-las e, assim, resgatar-se também. Abra as cortinas dos seus olhos e, mais importante, destranque o coração. Dê a si mesmo esse presente! Somos todos merecedores de segundas, terceiras e quantas chances pudermos nos dar. Crescemos e nos fortalecemos desse modo.
Eu mesma passei anos trancadas num porão! De vez em quando chegava perto da porta, até que um dia criei coragem para abri-la. Mesmo diante de tanta sujeira, encontrei a janela que pôde mostrar-me que bastava apenas uma boa limpeza para que ele se tornasse um cômodo comum e seguro. Mas é preciso forças e coragem para enfrentar aquilo que passamos anos tentando esconder de nós mesmos! Essa faxina emocional não ocorre do dia para noite, por isso é preciso que a façamos com cautela, sem exigir de nós aquilo que nossas forças não agüentam. Mas é possível!
Quando me perguntei onde estavam as chaves do meu porão, não precisei ir muito longe para encontrá-las... Estavam o tempo todo comigo, cercadas pelo meu medo. E depois que o encarei foi que consegui ultrapassar essa barreira que impedia a liberdade das minhas emoções.
Encontre as suas chaves! Supere os seus medos! No final, você verá que boa parte das barreiras foi criada por você mesmo e que as chaves podem ser confundidas com os obstáculos que te fazem tropeçar para mantê-lo nessa prisão emocional!
Jackie Freitas
“Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete.”
*Imagens retiradas do Google Imagens

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