segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Amor e suas Dores

Outro dia, assistindo um filme, vi uma cena onde o protagonista dizia que o amor dele era tanto que chegava a doer... No final ele chegou à conclusão de que o amor não deveria causar nenhum tipo de dor, portanto, o dele estava errado...
É certo que buscamos no amor algum tipo de conforto pra alma, recompensas, justificativas e vários sentidos para a vida; mas sabemos que não caminhamos o tempo inteiro sob o céu de brigadeiro... Encontramos tempestades, nuvens escuras e vendavais. E, mesmo o amor verdadeiro, construído em bases sólidas, capaz de resistir a tudo, não está imune às diversas provações da vida.

Quando falamos em sentimentos, tratamos de algo delicado, frágil e sujeito, sim, às dores, sofrimentos e decepções. Falamos de pessoas que, embora queiram caminhar lado a lado, são diferentes umas das outras e com concepções, também, diferentes sobre o amor e até mesmo da vida.
Pensar na unidade dos sentimentos, mesmo que ideologicamente correto, nos leva a uma espécie de egoísmo, pois queremos o que é confortável e seguro para nós e aí julgamos que os nossos anseios são adequados ao outro também. Queremos muito e de preferência com poucos esforços! Queremos do outro, às vezes, mais do que ele pode nos oferecer ou queremos, então, doar mais do que nossas condições permitem.
Encontrar essa sintonia ou a medida exata para equilibrar os sentimentos e dar o real sentido ao amor é uma busca que fazemos por toda uma vida e nem sempre encontramos. Por isso, acredito, não há a felicidade plena ou a total realização quando se trata do amor. Há sempre algo mais que achamos que poderíamos oferecer e há sempre algo a menos que achamos ter recebido.
Complexo? Muito! Os sentimentos oscilam e com eles as nossas necessidades e ideais. Não há como exigir apenas do amor algo que devemos conquistar diariamente. Não dá para colocar toda a responsabilidade no bravo e heroico amor!
A meu ver, não há como entregar-se totalmente ao amor se tivermos lacunas mal preenchidas em nosso dia-a-dia e se não lutarmos pelas muitas realizações que almejamos. O amor é um sentimento primordial, sem dúvida, mas ele não se alimenta sozinho! Ele não se sustenta através de ideais ou sonhos. Mesmo que ele chegue “pronto”, ainda assim precisa de cuidados, de reparos e da construção conjunta. Tudo isso levando em consideração as diferenças e divergências, pois são elas que permitem o equilíbrio saudável às duas partes. Se for bom para um deve ser bom ao outro e se houver dores é porque chegou o momento de ajustes e avaliações. Às vezes as avaliações não levam aos ajustes e sim à certeza de que estamos na bifurcação onde as decisões precisam ser tomadas, nos levando a caminhos diferentes (separação). Ou, elas podem nos fazer percorrer o caminho de volta para verificarmos que muitas tempestades foram superadas, juntos, e que vale a pena prosseguir nessa intrigante investigação!
Há dores no amor! Há muitas! Mas há prazeres, recompensas e, o mais importante, um acolhimento companheiro que nos fortalece para muitas lutas! O remédio para as dores do amor é o amor genuíno e puro, aquele que já nasce dentro de nós, sem dependências ou expectativas. O amor que é amor pela própria existência e que se repercute por onde passamos. Amor pela vida e que nos prepara pacientemente para o amor compartilhado. Só oferecemos ao outro o nosso verdadeiro amor quando nos amamos sem medos e hesitações. Não descobrimos o amor próprio através do amor que o outro possa nos proporcionar e é esse o grande erro de muitos amores... Talvez seja por isso que alguns causem tantas dores!
A dor pode ser vista como um ônus da vida (e talvez seja mesmo), mas se olharmos por outro ângulo, ela pode apenas ser um pedido de auxílio para alguma cura. E nem sempre as curas estão prescritas nas receitas médicas! Elas estão em nós, em nossa consciência e em outro sentimento esquecido ou adormecido: o amor próprio!
Jackie Freitas
“Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.”

*Imagens retiradas do Google Imagens

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