domingo, 12 de setembro de 2010

O Que Não Mata, Engorda

Eu aprendi essa frase quando era pequena. Cresci e muitas vezes a usei como desculpa para justificar a gula e não perder o “resto”. Mesmo consciente da sujeira e do mal que poderia me causar, passava impunemente, como se estivesse protegida por um mantra poderoso! Que mal há? Afinal engorda, mas não mata. Posso conviver com isso!
Passado o tempo, percebo que vivemos ainda sob esse escudo. Engolimos muitas coisas, fechamos nossos olhos para a sujeira e ainda assim, justificamos que o mais importante é estarmos vivos! O que me assusta, hoje, não é o que mata; mas justamente o que engorda!
A maior parte das pessoas alimenta as suas almas com os restos, as sobras e as migalhas dos sentimentos humanos. O importante é consumir, não importa a que preço! Abrimos todos os canais e absorvemos tudo o que nos passam. E o pior é que nem o cérebro consegue mais separar o que alimenta do que engorda. Ele também está inflado de informações, contaminado por vírus e sujeiras que colhemos pelo caminho. 
As clínicas prometem milagres ao corpo, mas ainda não sabem como purificar o espírito humano das mazelas da vida! Criam novas plásticas e podem até te transformar num novo ser, mais bonito, mais escultural, mais apresentável; mas não podem desintoxicar o seu cérebro das sujeiras acumuladas. Na ânsia de um novo corpo, engordam ainda mais a pobre alma vendida ao excesso do consumo. Engordam a vaidade e oferecem remédio para apaziguar a consciência. Não falam dos efeitos colaterais! Temos que descobrir a duras penas, quando o cansaço nos impede de expurgar o lixo.
Enquanto isso, pobres doentes lotam os templos religiosos para esvaziarem a consciência dos pecados e, novamente, engordam o espírito inquieto. Buscam nas palavras divinas o antídoto para o caos generalizado que assola a humanidade. Novas religiões são criadas e algumas delas também prescrevem a receita do consumismo. Engorda, mas não mata! 
Mas, afinal o que mata? Seguimos tantas dietas e continuamos engordando... Matamos a fé e a crença de que somos capazes de esvaziar a mente da impureza contagiosa. Não precisamos “comer” lixo e engolir o que nos obrigam. Podemos, sim, seguir nossa própria dieta mental e espiritual. Nosso paladar anseia por qualidade! O corpo e a alma agradecem.
Crianças adquirem imunidade durante o crescimento e por isso comem e não correm risco maior do que o de engordar. Depois de grandes, nossa imunidade precisa ser cuidada e observada com cautela. O que antes apenas engordava, hoje pode matar. Viver no flagelo mental nos torna moribundos de nós mesmos. Engordamos conforme a nossa gula supera a fome.
Deixe os restos e os lixos irem embora! Tenha saúde: física, mental e espiritual. Não engorde... Saboreie e alimente-se.
Restos engordam formigas e ratos e o que te engorda, pode matar o que ainda resta de você.
Jackie Freitas
“... será que tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda?”
(Roberto Carlos – Erasmo Carlos)

*Imagens retiradas do Google Imagens

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