O Despertar do Natal - Apenas Uma Noite Feliz?

 
Chegamos a mais um final de ano...
Quando pensamos nos ciclos da vida, seria natural acreditarmos que, também, mais um ciclo se fecha ao final de cada ano. Entretanto as coisas não são bem assim...
Anos se acabam e se iniciam, mas as “pendências” não possuem o mesmo prazo de validade (exceto os compromissos financeiros). Nosso ciclo pessoal independe do término ou início de ano!
O que mais me deixa perplexa é ver como a “consciência” das pessoas ressurge no final de cada ano... É como se o calendário soasse tal qual um alerta ou
despertador para que os melhores sentimentos aflorassem e fizessem delas, pessoas mais “humanas”... E onde estavam essas pessoas, sua consciência e humanidade nos dias passados? De uma forma “mágica”, o espírito natalino provoca reações milagrosas no ser humano. É como se as cortinas finalmente se abrissem e revelassem às pessoas uma lista de providências, mudanças imprescindíveis, medidas extremas para que o próximo ano seja diferente... Quem sabe, melhor?
E tudo o que precisamos está o tempo inteiro dentro de nós!
Pessoas não se tornam melhores ou piores através da batida do “sino pequenino”, soado lá em Belém... É certo (e eu acredito) que muitos possam despertar ou até mesmo renascerem, mas isso não acontece do dia para noite! É um processo longo e cauteloso, vivido dia após dia.
Campanhas entram por nossas casas, incentivando a doação, estimulando a compaixão, sacudindo a fé... Ao mesmo tempo, elas sugerem os presentes, como se todo o conforto da alma estivesse em produtos lançados especialmente para esta época. Muitas pessoas, inclusive, fecham o ano e iniciam o seguinte com mais dívidas, simplesmente para “cumprirem” com suas obrigações natalinas... E o “espírito”, para onde foi?
Somente nesse período os pobres e carentes são percebidos, como se eles precisassem de alimentos e roupas apenas uma vez por ano! Estariam as pessoas aquecendo ao pobre ou apenas à fria consciência do descumprimento das verdadeiras ações humanas e solidárias que deveriam existir por todo o ano?
A mim, por mais que eu queira, não convence tamanha bondade e compaixão despertadas repentinamente! Esse tipo de “caridade” humana tem o seu prazo de validade e, então, ao seu término, voltam os velhos preconceitos, o supremo egoísmo ou o “salve-se quem puder” na terra dos peregrinos...
Vamos lá! O “tic-tac” desse relógio bate incansavelmente por toda a nossa vida! Ele espera o nosso despertar a qualquer momento para a compreensão de um espírito que renasce todos os dias. Somos nós que precisamos acordar sem o uso de relógios ou calendários! Precisamos limpar nossos ouvidos, apurar nossa visão e passarmos a perceber as pessoas que estão à nossa volta! Os maiores presentes que podemos nos dar, uns aos outros, não estão em campanhas publicitárias, catálogos ou encartes de jornais e revistas... O presente maior é o nosso amor, carinho, gentileza e, sim, solidariedade para com o próximo! E são presentes que não se compram... Eles podem ser doados com sinceridade e sem egoísmos. Doação sem pretensão de diminuição de culpas ou pecados...
Mais um ano se acaba e eu espero que o verdadeiro renascimento esteja dentro de cada um! Um novo ano se iniciará e espero, também, que seja o início de um novo ciclo renovado e consciente de que nossas ações diárias repercutem por toda uma vida e não apenas por um ano!
Não há mal algum em pular as sete ondas ou fazer qualquer simpatia para desejar ascensão profissional ou financeira, mas desejemos também a ascensão espiritual e que ela nos traga a compaixão verdadeira.
Que o verdadeiro espírito natalino perdure em nós por toda a nossa vida!
Impossível? Bem... talvez o Papai Noel possa responder essa pergunta!
Jackie Freitas
“A compaixão tem pouco valor se permanece uma idéia; ela deve tornar-se nossa atitude em relação aos outros, refletida em todos os nossos pensamentos e ações.”
*Imagens retiradas do Google Imagens

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