Que Seja Eterna Enquanto Dure…
Após certo tempo, entre ilusões e desilusões, deixamos de acreditar na paixão e passamos apenas a ter como meta o amor... O amor que nos levará ao altar e que fará a comunhão de duas almas. E não é poesia! Quanto mais nos relacionamos, mais acreditamos que o caminho para a felicidade seja esse amor de dimensões espirituais! Esquecemos que é através da paixão que tudo começa e por isso, ao observarmos os adolescentes, mesmo dizendo a eles que tudo passará e que no futuro eles enxergarão diferente de hoje, penso no quanto temos sido responsáveis por destruir uma das maiores belezas dessa fase.
Para mim, fica cada vez mais evidente que canalizamos as frustrações, decepções e dores para criarmos uma espécie de camada protetora que nos impede de correr os riscos e mergulhar de cabeça nas paixões. Ficamos tão inseguros (talvez muito mais do que os adolescentes) que colocamos todas as nossas defesas em alerta a qualquer possibilidade de relacionamento. Associamos muitas dessas experiências como perigo... Medo de sermos feridos, iludidos ou enganados. Queremos ter a certeza de que dará certo; mas como seria possível se nós mesmos nos privamos dessa descoberta? Como ter respostas para algo que não nos permitimos viver? Ponto para os adolescentes que ao se permitirem experimentar, testam os próprios limites e mesmo que depois, se consumam em tristezas e dores, ainda assim, vivem momentos que levarão pelo resto de suas vidas!
Numa conversa com uma jovem que sofria pela desilusão do amor, disse-lhe que crescer não é nada fácil. Aliás, o processo do crescimento dói... E muito! Pensei depois que parte dessa dor é porque perdemos essa levitação maravilhosa provocada pela paixão! Acordamos de repente tão responsáveis para a vida, que esquecemos que é justamente a experiência da paixão que nos faz sentir vivos, com os sentidos aguçados, com o coração acelerado... Somos arrebatados por algo inexplicável e, nessa altura do campeonato, nem queremos explicações... Queremos apenas sentir, porque assim é a paixão: uma combinação perigosa, mas deliciosamente boa de ser sentida. Um passo para o amor e felicidade ou um recuo para o recomeço. Esse é o processo da vida, ora bolas!
Por incrível que pareça, depois de “maduros” evitamos tudo isso! Sabemos que são experiências que lembraremos para o resto de nossas vidas, mas não estamos mais dispostos a correr riscos. Queremos segurança, tudo calculado e programado para que as dores e decepções não nos façam voltar à estaca zero! Recomeçar? Não temos mais tempo para isso! Isso é coisa para os jovens! E com isso envelhecemos nosso espírito e fazemos com que os jovens sigam esses passos! Os envelhecemos conosco ao invés de reaprendermos com sua juventude!
Jackie Freitas
“As paixões são como as ventanias que incham as velas do navio. Algumas vezes o afundam, mas sem elas não se pode navegar.”
(Voltaire)
*Imagens retiradas do Google Imagens
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