A Dor que Ensina...
Passamos boa parte, ou quase toda a vida, focados naquilo que queremos. Saber o que queremos é um dos muitos desafios que enfrentamos e, normalmente, transformados como base, tal qual uma bússola orientadora que acaba, no final, mais desorientando do que especificamente nos mostrando o verdadeiro caminho a ser seguido. Lutamos e buscamos tudo aquilo que achamos que queremos, quando na verdade as respostas estão a partir da conclusão daquilo que não queremos, afinal, só concluímos a partir de experiências reais, vividas e sentidas. Quando passamos por muitos enfrentamentos e sobrevivemos aos altos e baixos da vida, aprendemos, na prática, que muito melhor do que saber o que queremos é termos a clareza daquilo que não queremos!
Saber o que não queremos é o melhor ponto de
partida, principalmente quando pensamos em reconstrução ou na busca de um novo
caminho. Cada vez mais, concluo que essa busca pelo saber o que se
quer não responde às inquietantes perguntas, especialmente aquelas
sobre nós mesmos! Quem somos? O que queremos? O que buscamos? Muitas são as
perguntas e variáveis são as respostas, principalmente se elas estiverem
baseadas na ilusória certeza de que o que queremos é imutável ou definitivo.
Carl Jung escreveu: “Queremos ter certezas e
não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem mesmo percebemos que as
certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados somente através
das experiências.” Fica claro que quanto
mais vivemos e experimentamos, mais expandimos a nossa mente e, desta forma,
mais nos aproximamos das nossas verdades. Quanto maior o empenho pela busca das
certezas, maior também o cansaço que, algumas vezes, nos leva à desistência da vida…. Quanto mais achamos que sabemos o que
queremos, menos nos dispomos a enfrentar as nossas imperfeições e aos desafios….
Confundimos não a nossa realidade, mas as nossas verdades! Damos menos espaço para a humildade em admitir
que nada sabemos e que estamos aqui vivendo pelo aprendizado, nesta exigente escola
que é a vida; porque insistimos em manter a prepotência de um saber que além de
não responder às nossas perguntas, nos impede de investigar o verdadeiro
conhecimento! Buscamos tantas respostas, mas nos silenciamos diante do
desconhecido…. Por que? Pelo medo de enfrentar os espinhos e as pedras dessa
caminhada. Pelo medo da dor que a busca pelo querer nos causa. A dor nos
incomoda, quando deveria nos libertar….
No final, nada sabemos senão que aquilo que vivemos e deixamos
para trás nos mostra com muito mais precisão o caminho adiante e a ser
percorrido. Nossas certezas estarão sempre baseadas nas nossas dores e não necessariamente
nas nossas alegrias. Porque a dor nada mais é que um depurador do nosso espírito.
É ela que nos prepara para os estágios subsequentes desta e de outras vidas. A
dor nos ensina!
Portanto, todas as vezes que você estiver buscando incansavelmente
aquilo que quer, saiba (através de suas dores) aquilo que não quer…. Esse é o
seu ponto de partida! E siga em frente, traçando a sua rota, seguindo pelo seu
caminho; aceitando não o seu destino, mas a sua evolução natural neste processo
da vida!
Jackie Freitas
“O vazio é o espaço da
liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio.
Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são
o lugar onde as certezas moram. ”
Rubem Alves
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