Deixe ir...
“Era
uma vez uma menina que via o mundo com docilidade. Acreditava nas
pessoas e
desejava a felicidade de todos os seres. Certo dia encontrou um pequeno e
frágil pássaro e resolveu levá-lo pra casa. Comprou uma linda gaiola e o
colocou lá. Todos os dias admirava a beleza do pássaro, alimentava-o com
carinho e ficava esperando que, em troca de sua generosidade, ele cantasse para
ela.
Passaram-se
dias e mais dias e o pássaro nada. Sem canto ou encanto, passava seus dias
olhando para o horizonte através das grades da bela gaiola. A menina, que
acreditava em seu gesto benevolente, ficou também triste por vê-lo tão distante
do carinho e amor que ela proporcionava. E então, impetuosamente, decidiu
libertá-lo. Abriu a gaiola, o segurou entre as mãos, deu um carinhoso beijo e o
deixou voar em rumo ao seu destino... Nunca vira asas baterem tão fortes e um voo
tão rápido. Mas, ficou feliz por saber que tinha feito a escolha certa,
sobretudo pra si mesma.”.
Algumas vezes na vida precisamos tomar decisões
semelhantes. Agimos, também, com a certeza de que o simples bem querer é
suficiente para proporcionar felicidade a alguém. Esquecemos, entretanto, que
nem sempre o nosso “querer” é o mesmo dos outros. Acabamos nos aprisionando nas
melhores intenções e propostas, mantendo um relacionamento que não evolui e nem
proporciona nada além de sofrimentos. Acreditamos, ingenuamente, que o tempo
cuidará tanto do amadurecimento quanto da “cura” da relação, e no decorrer desse
tempo percebemos que nada mais fazemos do que prolongar uma decisão que deveria
ser tomada nos primeiros sintomas de desconforto ou infelicidade: deixar ir!
A vida seguirá seu curso normal e nada nos
impedirá às novas descobertas. E talvez seja isso que precisamos! Descobrir que
podemos ouvir o canto dos pássaros sem nos preocuparmos com suas asas feridas,
porque as nossas também um dia se feriram e cuidamos sozinhos para que elas se
fortalecessem e nos ajudassem a voar novamente.
Por isso, cada vez mais tenho a certeza de
que todos nós somos Fênix. Renascemos das cinzas para darmos o mais belo e
encantador voo de nossas vidas. Somos fortes e com um poder de “auto cura” incrível.
Tenho certeza que não estamos aqui para viver nas amarras do sofrimento. Talvez
também não seja nossa missão fazer as pessoas felizes. Felicidade é algo que se
descobre e saboreia lentamente, em ocasiões especiais! Felicidade é
encontrar-se em si e perceber que ninguém pode nos proporcionar bem maior do
que nós mesmos. É ter a certeza de que ninguém pode nos fazer bem ou mal se não
for da nossa vontade ou consentimento. É aceitar o desafio do aprendizado e
tentar praticá-lo; mesmo que seja através das quedas, magoas, decepções ou ingratidão.
Aliás, por que as pessoas deveriam nos ser gratas? Gratidão não é um acerto de
contas. Ela não parte dos outros e sim de nós para nós mesmos! Gratidão é nossa
consciência transmitindo ao corpo a leveza de que fizemos o que pudemos pelo
bem de alguém e pelo nosso também.
Por isso, quando pensamos naquela menina cheia
de ideais, tentando salvar um pássaro das maldades do mundo, pensando que o
privando de suas próprias experiências estaria promovendo o bem; pensemos no
quanto dela carregamos em nós. Pensemos que não se aprisiona nada sem antes
estar aprisionando a si mesmo. A gaiola pode ser linda olhando de fora, mas o
que vive em seu interior não! Muitas vezes a fragilidade de quem vive fora dela
é muito maior de quem está dentro. Não somos prisioneiros, mas acabamos nos
tornando reféns de nossa própria intenção de bondade por não reconhecermos que cada
um precisa encontrar seu modo de viver, de curar suas asas e de voar para onde
bem quiser. Não cabe a nós a escolha por ninguém! Ao abrir a gaiola estaremos
fazendo a escolha da merecida liberdade. Não de um pássaro e nem de alguém qualquer,
mas a nossa mesma! Portanto, deixe ir... Apenas deixe ir...
Ouça o meu podcast (neste link) sobre esse tema. Espero que goste! Obrigada pelo carinho de sempre!
Jackie
Freitas
“A esperança tem asas.
Faz a alma voar. Canta a melodia mesmo sem saber a letra. E nunca desiste.
Nunca!”
(Emily Dickinson)
*Imagens
retiradas do Google Imagens
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