Quando a Nossa Verdade Não Basta

Vivemos cercados por mentiras e sofremos a pressão de sermos sinceros o tempo todo. Somos espionados e testados, onde alguém sempre estará no aguardo de um deslize para poder confrontar e expor em humilhação a nossa verdade diante de todos. Muitas vezes nos pegamos tentando explicar aos outros nossas atitudes e palavras. Sempre estaremos dando a nossa versão aos fatos. Somos flagrados em justificativas e, em alguns casos, até implorando para que acreditem que aquilo que dizemos é a verdade... A nossa verdade! Mas, e quando ela não basta? Quando precisamos recorrer a outros meios para provar que somos sinceros e verdadeiros?
Eu ainda não descobri uma roupa que nos proteja das maldades humanas. Aprendi que nosso escudo protetor é a verdade. Por mais que doa a nós e aos outros, ela ainda é o que impele as calúnias e difamações. Há várias formas de se olhar para algo ou alguém. Não importa quantas vezes olhamos, nunca enxergaremos do mesmo modo. Cada olhar causa uma impressão diferente ou apresenta uma nova leitura. As pessoas possuem o seu modo de enxergar e imporem as suas verdades. E é essa visão individual que determina a verdade do outro, normalmente estabelecida pelas leis e princípios que regem cada um.
Mesmo que distorçam ou deturpem a verdade, por princípio universal, ela é uma só. Meias verdades não são verdades! São verdades escondidas por algo enganoso ou oblíquo. A nossa verdade nem sempre será a verdade que os outros querem enxergar. Ela pode ferir ou destoar e estar fora dos padrões criados no convívio humano. Mas importa a aparência criada ou a paz de espírito de estarmos quites com a nossa verdade?
Vejo pessoas que se moldam aos ambientes em que vivem ou circulam. São verdadeiros camaleões que se ajustam e transmitem apenas o “politicamente correto” ou cativante. São políticos exercendo seus mandatos e fazendo suas próprias campanhas. “Acreditem em mim, sou verdadeiro e honesto!”. Adiante seguem com seu discurso bem elaborado e cheio de dubiedade, mas quando chegam em casa mal conseguem mastigar e engolir suas próprias palavras, tamanho é o engodo que carregam.
Os tolos, fracos e hipócritas são regidos pelas verdades oportunas. Seguirão por seus caminhos julgando a todos segundo a visão limitada de suas pobres verdades. Os justos e fortes, serão questionados e colocados em fogueiras de vaidades, mas ainda seguirão em paz com a consciência. E é ela que dita nossas verdades! Ela é o nosso escudo protetor. Com ela dormimos tranquilamente e cientes de que não importa ao mundo a sua visão distorcida ou cômoda acerca da verdade. O que importa é o que sabemos... E saber quem somos e o que queremos faz de nossa verdade o sentido desse caminho confuso, cheio de armadilhas que nos surpreendem a todo o tempo.
A sua verdade pode não ser suficiente para explicar aos outros que as suas intenções são honestas, mas isso não importa. Sempre existirão as dúvidas. Acredite, a sua luta não será contra os outros e sim contra você mesmo, um teste permanente de caráter e integridade moral. Os outros farão o papel de inquisidores da justiça, mesmo que estejam mascarados e cobertos pela hipocrisia; porém o único papel que cabe a você é o de ser coerente com sua própria verdade, através de atitudes dignas e que não sucumbam ou se corrompam às facilidades da mentira. Como diz o dito popular, a mentira tem pernas curtas... Ela não vai longe!
Siga em frente, em paz com sua consciência e revestido de sua verdade. Mesmo que ela incomode aos outros, não se preocupe! Nem todos que te cercam estão  preparados para enxergá-lo sincero e verdadeiro, portanto deixe-os em seu mundo de inglórias... A sua verdade é o seu escudo e é ela que deve te bastar!
Jackie Freitas
As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.
(Antoine de Saint-Exupéry)
*Imagens retiradas do Google Imagens

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