“Era
uma vez uma menina que via o mundo com docilidade. Acreditava nas
pessoas e
desejava a felicidade de todos os seres. Certo dia encontrou um pequeno e
frágil pássaro e resolveu levá-lo pra casa. Comprou uma linda gaiola e o
colocou lá. Todos os dias admirava a beleza do pássaro, alimentava-o com
carinho e ficava esperando que, em troca de sua generosidade, ele cantasse para
ela.
Passaram-se
dias e mais dias e o pássaro nada. Sem canto ou encanto, passava seus dias
olhando para o horizonte através das grades da bela gaiola. A menina, que
acreditava em seu gesto benevolente, ficou também triste por vê-lo tão distante
do carinho e amor que ela proporcionava. E então, impetuosamente, decidiu
libertá-lo. Abriu a gaiola, o segurou entre as mãos, deu um carinhoso beijo e o
deixou voar em rumo ao seu destino... Nunca vira asas baterem tão fortes e um voo
tão rápido. Mas, ficou feliz por saber que tinha feito a escolha certa,
sobretudo pra si mesma.”.
Algumas vezes na vida precisamos tomar decisões
semelhantes. Agimos, também, com a certeza de que o simples bem querer é
suficiente para proporcionar felicidade a alguém. Esquecemos, entretanto, que
nem sempre o nosso “querer” é o mesmo dos outros. Acabamos nos aprisionando nas
melhores intenções e propostas, mantendo um relacionamento que não evolui e nem
proporciona nada além de sofrimentos. Acreditamos, ingenuamente, que o tempo
cuidará tanto do amadurecimento quanto da “cura” da relação, e no decorrer desse
tempo percebemos que nada mais fazemos do que prolongar uma decisão que deveria
ser tomada nos primeiros sintomas de desconforto ou infelicidade: deixar ir!